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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Cuidar da Infância para salvar o homem e o planeta

     Nos últimos anos, observamos um número crescente de movimentos em prol da defesa e preservação dos diversos elementos do meio ambiente. Órgãos governamentais e entidades não governamentais, cientistas e estudiosos do tema tem se reunido em diversas partes do mundo não só para alertar sobre os danos que o homem está causando ao planeta e as graves consequências que poderão ocorrer para atuais e futuras gerações, como também para elaborar projetos, protocolos de intensões, sugestões etc. que possam corrigir ações danosas e prevenir novos males à casa que habitamos. Ainda que os resultados não sejam os esperados, o objetivo buscado é da mais alta importância, e todos nós vemos com bons olhos as iniciativas que sejam eficazes, sensatas e justas.
     No entanto, não se observa o mesmo ímpeto, a mesma mobilização e o mesmo empenho em procurar preservar o que de mais grandioso existe em nossa vida: as reservas morais e espirituais do homem. E o mais grave é que estamos vendo, de forma passiva e inconsciente, essas reservas serem destruídas na infância.
     González Pecotche, criador da ciência logosófica, afirma que "a mente da criança é terra virgem e fértil" e que essa mente é "sensível por excelência. Grava de forma indelével as imagens que os maiores plasmam nela como sugestões." Então, depende de nós, adultos, plantarmos sementes da melhor qualidade e apresentar as imagens mais edificantes. Mas é isso o que temos visto? Em um grande número de casos, é evidente que não.
     Da mesma forma como constituem verdadeiras agressões à natureza, as queimadas sem controle, o desmatamento irregular e predatório, a poluição do solo e da atmosfera com os mais variados produtos, a confecção de materiais que levam centenas de anos para se decompor etc., penso que o revólver, ou qualquer outra arma de brinquedo dada à criança para se divertir, os videogames de alta agressividade, os filmes e novelas com pouquíssimos exemplos dignos de serem seguidos, as cenas deprimentes oferecidas às  crianças no ambiente do lar, muitas vezes tendo como protagonistas os próprios pais, as escolinhas infantis que cada vez mais estimulam a competição egoísta como forma de preparo para enfrentar os desafios da vida e as inúmeras crenças que são inculcadas na infância também constituem agressões à  mente e à sensibilidade das crianças, que mal entraram neste mundo. Incapazes de discernir o certo do errado, sem defesas para enfrentar inimigtos tão potentes, acabam por assimilar tudo aquilo de nocivo que viram ouviram e viveram.
     E a criança, que teve destruídas as reservas morais e espirituais que trouxe como herança do Criador, que jovem será? Que cidadão será? Que exemplo de chefe de família, de homem público, de governante poderá dar? Não nos iludamos: estamos fazendo mais mal às nossas crianças do que ao próprio planeta. E não é difícil compreeder que, sem preservarmos as reservas morais e espirituais nos primeiros anos de vida, será desnecessária a existência de tantos movimentos em prol da preservação ambiental, visto que esta será consequêcia natural do que se cuidou na infância, pois os homens de amanhã serão retos, dignos, nobres e sensatos.
     Oxalá ecoem por todas as partes pensamentos e sentimentos capazes de mobilizar o maior número de seres para a sublime tarefa de preservar e defender esse tesouro que é a infância.
     As palavras de González Pecotche têm o poder de penetrar profundamente em todo aquele que ama e aspira ao bem e à verdade: "Conseguir que as gerações futuras sejam mais felizes que a nossa será o prêmio mais grandioso a que se possa aspirar. Não haverá valor comparável ao cumprimento dessa grande missão, que consiste em preparar para a humanidade futura um mundo melhor."

Roberto Sizenando
Médico ginecologista e obstreta, cooperado da Unimed-BH

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